16 setembro, 2017

Apelo Fascista

O Fascismo tem apelo.
O apelo ao medo, ao ódio, ás frustrações. Mas também tem o apelo da renúncia ao pensar, ao compreender, à vivência e a solidariedade,

O fascismo apela à irracionalidade, ao discurso fácil, de propostas perfeitamente simples e reconfortantes, mas falsas. O Fascista precisa do monólogo, pois quando tem de enfrentar o complexo, o diferente, a compreensão ampla do conhecimento, ele é desmascarado. A necessidade é sempre de gritar, quem fala mais alto e consegue mais aliados, é a perfeita psicologia infantil.

Não resiste ao mínimo de pesquisa histórica, de análise contextualizada dos fatos. A necessidade de estar sozinho no discurso, ou de defender um discurso único, é tudo.

Renúncia à inteligência, ao entendimento e contextualização de situações complexas, renúncia aos registros históricos, científicos ou sociais. Apelo às generalizações, à simplificação absoluta, à imagem fácil de algo a ser destruído que, por si só, resolveria os problemas, e que, se não resolvesse, uma quantidade ilimitada de poder poderia, varrer as diferenças e/ou as reclamações, pelo menos.

Como chegamos a esse nivel de odio no brasil

Os cogumelos venenosos
Por Fernando Brito · 16/09/2017
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Não costumo dar muita atenção – e não darei a ele, pessoalmente – a este personagem Jair Bolsonaro, que anda lá por Belo Horizonte propondo levar mar para Minas, dar licença para matar para policiais e reduzir a maioridade penal para 14 anos (possivelmente a idade emocional de muitos dos seus seguidores barbados).
Sociopatas deste tipo sempre existiram, aqui e por toda parte do mundo; não chega a ser novidade.
O que interessa para o raciocínio é porque esta sociopatia, que normalmente permanece enquistada em grupelhos relativamente inofensivos, espalhou-se por cada canto deste país.
Os processos são muitos.
Brotou por toda parte, em situações onde a mídia e histeria os alimentaram.
Por exemplo:  uns bandidecos traficantes do Flamengo acorrentam um rapaz negro num poste e arranjam uma moça bem-posta ma TV para “explicar” seu crime com o suposto crime alheio: “leva ele pra casa”, não é?
Perde-se o pudor de dar ao  “justiceiro” o apoio social que, com bons – ou nem tão bons – modos começam a promover o “fim da roubalheira”.
Mas isso se sofistica.
De um lado, uma legião de energúmenos, com caras que dariam razão a Lombroso, tamanha a idiotia que expressam. Como são úteis ao projeto golpista, que depois da derrota de 2014 passou a ser a porta de reconquista do poder absoluto para os sistemas de dominação excludente que marcam a história do Brasil.
E tome de aparecerem figuras esdrúxulas, alçadas à TV, às revistas, ao jornais, que ninguém sabe de onde vieram, com o que ganham a vida (comércio de canecas?) e comanda(vam) séquitos de babacas na internet, que afinal os trocaram por aquele com cujas asneiras iniciei o post.
De outro, autoridades de ternos e expressões bem alinhavadas, com teses jurídicas que “amarram no poste” da execração pública os  personagens selecionados na política e no empresariado.
Como não há muitos santos em nenhum dos dois campos, a confissões arrancadas alguma coisa acabam por mostrar e deu-lhes munição  para avançarem,  sob o estrondoso fogo de artilharia da mídia. Na sua infantaria, as “subcelebridades”, todas com os “projetos sociais” e louvor ao “sucesso pessoal” das suas vidas cheias de brilho e vazio, onde sacodem iates, chamapgnes e rolex, como os chefões da traficância chacoalham seus cordões de ouro.
Não importa, ainda há o lugar de santo a ocuparem em seus altares.
Entram aí os subjuristas do interior, quase todos praticantes verbais da boa fé religiosa, alçados à fama nacional, exibem em escala continental a empáfia, a “importância”  e a onipotência própria das pequenas comarcas, onde os salões do coronelato lhes tão sempre abertos para que desfilem, contidamente, a sua vaidade, braços dados com suas “senhoras”.
A crise, o desespero, a angústia de uma população sofrida, que não entende como se foram os dias de bom tempo e caiu uma chuva quente e abafada, a sufocar-lhes, produzindo esta brotação de cogumelos, faz com que parte dela, justo pela desesperança, não perceba como, embora vistosos, são venenosos, tóxicos, mortais para a vida e para as liberdades.
Mesmo diante deste quatro dantesco, que a cada dia vem ganhando pinceladas de horror – fecham-se exposições, recolhem-se quadros, santificam-se surras de fio elétrico e tosa à força de cabelos de meninas que perderam a virgindade – há esperanças.
Porque a esta gente, à qual não falta pretensão e poder para dizer quem serve e quem não serve, o que podemos ver, ouvir e escrever, falta algo essencial para que sobreviva: um país e um povo, porque este não lhes pertence, ainda que o dominem, porque não o tem dentro de si.
Cogumelos que são, não tem raízes profundas. Apenas pequenos liames, os micélios, que os ligam à matéria orgânica em decomposição. Bastam alguns dias de sol para que murchem, deixando apenas seus esporos, para que brotem quando algo em podridão lhes servir de alimento.
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